O luto é um processo de angustia e dor, resultado de perdas significativas. Quando a morte é inesperada e interrompe a vida de alguém tão jovem, cheio de vida e projetos em andamento, o choque da realidade é muito pior.
O luto não é um transtorno ou uma doença, não é algo a ser curado, mas colhido e compreendido, muitas vezes, a ajuda de um profissional, como psicólogo, é fundamental. Existem dores ou sofrimentos de perdas menos ou mais intensas, assim, quando falamos das partidas repentinas, são de pessoas mais próximas ou figuras públicas que cativam a população por alguma atividade que leva alegria. Alguns anos, o acidente de carro que ocasionou a morte do cantor Cristiano Araújo é um exemplo clássico desse tipo de luto.
A mais recente, do cantor Gabriel Diniz, consagrado pelo hit “Jenifer”, é outro exemplo de como lidar com a morte repentina e essa dor do luto.
A psicóloga Luciene Gomes explica as cinco fases do luto: “Salientamos que, por se tratar de seres humanos, não é um processo engessado, mas pelo menos três dessas fases são observadas nas pessoas que passam pelo luto. A primeira é a Negação, onde não acreditamos que aquela perda ocorreu, é normal ver as pessoas dizerem “Não é possível, não pode ser verdade”, também nessa fase existe a persistência na procura do objeto ou pessoa, ouve-se a voz, acredita-se que irá chegar a qualquer momento de uma forma mágica. Depois vem a fase da Raiva, que proporciona um sentimento de revolta, “Por que comigo?” Há raiva de quem se foi e raiva de si mesmo, por achar que foi culpado (a) pela perda. Procura-se um responsável por aquela dor, é comum no consultório encontrar pessoas que carregam “raiva” de um parente que faleceu, que até dizem na sessão “Ele não podia ter feito isso comigo”. É comum, que sintamos raiva, pois existe um sentimento de abandono muito forte nessa ocasião. A respeito da culpa, há casos que inconscientemente aquela morte/perda foi desejada, mas é difícil de assumir para a consciência e por isso a culpa vem como uma punição. Depois da raiva e da culpa vem a Barganha, que inconscientemente desejamos uma espécie de troca, dizemos “Se ele pudesse voltar faria tudo diferente”, como se o mudar de atitude pudesse trazer a pessoa de volta. Por perceber que mesmo diante da troca, o ente querido não volta, vem a Depressão que é a quarta fase, onde existe aquele momento mais silencioso e melancólico, a dor de saber que realmente a perda é real. E por ultimo a Aceitação, é um momento de conforto, existe a dor da saudade mas há força para o enfrentamento da situação.”
O professor de filosofia, Anderson Santiago, também aborda o tema: “Toda perda gera dor, todos nós sentimos dor, o sofrimento é um sentimento pós-dor, pós-impacto, Sufferre, que significa “aguentar, sofrer, “sob”, mais “Ferre”, carregar”. Sofrimento é, portanto, o que se carrega depois ou ao longo do sentimento de dor. Como vamos carrega-lo ou por quanto tempo?
Na maioria das vezes as pessoas se utilizam desse sentimento para desenvolver obstáculos. No entanto, existem pessoas que ressentem, reaproveitam ou fazem uso de uma forma reciclada do sofrimento, pois a dor não é afirmada, ela não é utilizada para um fim positivo. A diferença seria então a dor é superada, já o sofrimento é opcional. Vivemos uma cultura que não nos educa para a morte, onde a morte é recebida de uma forma sempre indesejada; todos nós iremos passar pela morte, no entanto é uma perspectiva difícil de encarar. Construir um potencial que a morte é algo que não depende dos meus esforços, nos traz sentimentos de impotência, de uma aceitação que ainda não foi e nem será desenvolvida. Nietzsche destaca o fatalismo russo: Onde existe a figura de um soldado russo em um campo de combate onde esta ferido, esta sem armas, na neve e com frio ele simplesmente senta e espera, ele não tem forças para reagir, não possui alternativa. O luto é a mesma questão, onde no processo de convalescência, temos apenas que entender a dor e aguardar, e entender que o corpo se adaptará a essa mudança. Tudo é pela perspectiva que olhamos os fatos.”
“Não é um processo fácil, mas é essencial que o vivamos de forma plena, pois também negarmos que o sofrimento faz parte da vida, nos trará danos piores depois, o que não pode acontecer é ficar preso em uma fase especifica do luto, pois o mesmo pode se tornar patológico. A perda e o sofrimento precisam ser transformados em algo que nos fortaleça e nos ensine algo, a dor nunca pode ser em vão.” finaliza Luciene Gomes.
—
Celeste
29 de junho de 2020 at 22:03
Eu perdi meu pai há 1 ano, ainda sinto a dor de ter perdido ele, ele estava bem doente, mas eu esperava que ele fosse melhorar, não esperava que fosse tão cedo. Ainda doe quando falo dele, não sei quando essa dor vai embora, ele me ensinou muitas coisas na vida, sinto falta, sinto muita saudade dele.