Presente na memória afetiva de milhares de pessoas, a Bienal do Livro Rio completa 40 anos com uma edição comemorativa que traz as mais relevantes discussões da atualidade. O retumbante sucesso dos livros YA (Young Adult) que mantém o interesse dos jovens adultos até a última linha da trama, a emblemática sigla LGBT ganhando outras letras e, assim, incluindo mais diversidade em suas lutas, casais homoafetivos produzindo juntos e falando com os seus pares são a realidade de hoje.
Os brasileiros Juan Jullian, Maria Freitas, Elayne Baeta, Natalia Borges Polesso e Pedro Rhuas, assim como as americanas Rachael Lippincott e Alyson Derrick, são os nomes da literatura LGBTQIAP+ já confirmados na programação do festival. Alguns ganharam prêmios importantes pelas suas obras, que alcançaram milhares de leitores, outros mobilizam um número impressionante de seguidores nas redes. A Bienal será uma oportunidade de ouvi-los ao vivo.
Acompanhar as mudanças do mundo – um dos nortes da Bienal – é abrir o microfone para escutar o que autores LGBTQIAP+ têm a dizer sobre temas contemporâneos, em mesas diversas. Não apenas para falar sobre assuntos relativos à sexualidade, como seria o esperado. Essa, aliás, foi uma das mudanças trazidas pelo inédito coletivo curador do festival, formado pelos escritores Clara Alves, Mateus Baldi e Stephanie Borges.
Autores de YA já entram em cena no segundo dia do festival
Os jovens autores Juan Jullian e Maria Freitas serão convidados da mesa MUNDOS PARALELOS, a ser realizada no sábado, 2 de setembro, às 13h, na Arena Palavra-Chave. Diversidade é a palavra que rege a literatura jovem adulta – não apenas no protagonismo, mas também em seus enredos. Neste encontro, autores de YA rompem os limites do romance tradicional, transportando os leitores para realidades alternativas.
O carioca Juan é roteirista da TV Globo e o seu primeiro livro, “Querido Ex” passou 100 dias como o título LGBTQIAP+ mais vendido da Amazon Brasil, de modo que foi relançado em 2020 pela Galera Record. A obra foi indicada a premiações de melhor livro de 2020 pelas revistas Capricho e TodaTeen e a sequência, “Maldito Ex”, estreou na lista dos mais vendidos da revista Veja.
Já a mineira Maria, que se identifica como não binária, bi e demissexual, escreveu livros LGBTQIAP+ com vendas significativas, como “Cartas para Luísa”, vencedor do prêmio Mix Literário em 2020, e da coleção de contos com protagonismo bissexual “Clichês em rosa, roxo e azul” (2021). E o seu YA de super-heróis “Emma, Cobra e a garota de outra dimensão” será publicado em breve pela Galera Record.
A baiana Elayne Baeta será um dos nomes fortes da mesa CLICHÊ, SIM, COM ORGULHO, marcada para quinta, 7 de setembro, às 17h, na Arena Palavra-Chave. E como todo mundo ama um clichê, a conversa vai girar em torno das novas formas de pensar esse lugar comum nas narrativas e os recursos que os autores de YA usam, por exemplo. Elayne escreveu o primeiro romance lésbico jovem a integrar a lista dos livros mais vendidos da revista Veja (“O amor não é óbvio”, de 2019) e o seu podcast “lésbica & ansiosa” já foi ouvido mais de 100 mil vezes por todo o país.
Casal lésbico vai falar sobre a escrita em dupla
Dentre as estrelas internacionais da edição comemorativa pelos 40 anos da Bienal está o casal americano Rachael Lippincott e Alyson Derrick. Rachael é coautora dos best sellers que encabeçam a lista do New York Times “A cinco passos de você”, “Todo esse tempo” e “Ela fica com a garota” – este último escrito a quatro mãos com a sua companheira Alysson, também autora de “Forget Me Not”, ainda inédito no Brasil.
A dupla estará na mesa ESCREVER (COM) SEU AMOR, no sábado, 9 de setembro, às 17h, na Arena Palavra-Chave. Dizem que escrever é uma atividade solitária, mas o casal discorda e vai contar, neste painel, como é a experiência de escrever juntinho, além de falar sobre as diferenças e semelhanças de seus próprios processos criativos.
No mesmo dia 9, a premiadíssima escritora e tradutora gaúcha Natalia Borges Polesso estará na mesa INVENTAR FUTUROS, a ser realizada às 14h, no Café Literário. Com nove livros publicados entre 2013 e 2022, muitos deles traduzidos para outros idiomas e uma das escritoras mais destacadas da América Latina, Natalia vai conversar com outros autores sobre o que o amanhã reserva para a literatura e qual é a contribuição de escritores da sua geração.
Dos seus livros, “Amora” (2015) venceu os prêmios Jabuti, Açorianos e da Associação Gaúcha de Escritores, “Controle”(2019) levou os prêmios Associação Gaúcha de Escritores e Vivita Cartier e foi finalista do Prêmio São Paulo. Com Corpos Secos (2020), ganhou de novo o Prêmio Jabuti, “A extinção das abelhas” (2021) venceu o Prêmio Minuano e esteve entre os finalistas dos prêmios Jabuti e São Paulo.
Festa e um autor iraniano nos momentos finais
Para fechar a noite de sábado, o potiguar Pedro Rhuas será um dos convidados da Festa YA, momento em que teremos música no palco. O seu romance de estreia, “Enquanto eu não te encontro” (2021) virou um best-seller instantâneo no Brasil. Além de escritor e jornalista, Pedro é músico e o seu álbum de estreia, “Contador de História”, passou dos 500 mil streamings no Spotify. Pedro busca ampliar a representatividade queer e nordestina, inspirando uma nova geração a acreditar na transformação social através da cultura.
No domingo, 10 de setembro, às 17h, o iraniano radicado em Los Angeles Abdi Nazemian vai participar de uma das últimas mesas da Bienal do Livro Rio. Autor, entre outros, de “Tipo uma história de amor” e o seminal “The Walk-In Closet”, que ganhou o Lambda Literary Award por Ficção LGBTQIAP+ Estreante. Abdi também é roteirista e produtor executivo e associado de diversos filmes, incluindo o sucesso “Me chame pelo seu nome” (2017), vencedor de mais de dez prêmios, entre eles o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. Abdi é um dos autores do livro coletivo “A Gente se vê na Parada”, um mosaico de seis histórias que se entrelaçam durante a Parada LGBTQIA+ de São Paulo, considerada a maior do mundo.