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A COMUNIDADE MOSTRA A SUA CARA

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Ações comunitárias nas periferias vencem a dependência governamental no amparo aos seus moradores .


Quando em 11 de Maio de 2015 a Rede Globo de Televisão estreou a novela “ I Love Paraisópolis “, se tornava a primeira emissora a levar para o horário das 19 horas uma comunidade periférica como cenário para seus personagens e trama, ainda que o complexo de Paraisópolis fique cercado de luxuosos condomínios do Morumbi e Vila Andrade em São Paulo.
Em 2.017, foi a vez da novela “ A Força do Querer “ , que buscou cenário em comunidades do Rio de Janeiro para a trama das 21:00 horas. Ao ser criticada pelos preconceituosos de plantão, a autora Glória Perez deixou claro, que, negar o cotidiano das comunidades seria empurrar uma realidade para debaixo do tapete da sociedade.
Ou seja, os autores levaram ao público uma fatia do povo brasileiro ignorada pelo dia a dia da classe média, dos políticos, onde muitos deles nunca puseram os pés, ao menos depois de eleitos .
Aliada a essa exposição da maior rede de televisão nacional a ascensão do funk carioca, tornava-se um fenômeno cultural produzido na comunidade, como foi o samba em sua origem, consumindo também em larga escala pelos jovens de outras classes sociais .
Finalmente chegamos ao ano de 2.020, e a história que se desenrola não é tema de novela, não é ficção.
Comunidades de todo o Brasil se tornam protagonistas no amparo humano decorrente a luta para conter o Coronavírus .
Periferia, favela ou comunidade cujo sinônimo leva a comunhão, são nomes designados para uma parcela da população de um município que vivem ás margens dos grandes centros urbanos ou bairros nobres, carentes de recursos em moradia, saúde, saneamento e alimentação.
Representam hoje um corpo vivo, atuante, capaz de contornar problemas sociais com muito mais rapidez e eficácia que o Congresso Nacional para aprovar uma Lei.
Em 23 de Março de 2.020 noticiou : “ Favelas se organizam para conter coronavírus em comunidades de São Paulo “ . O mesmo site afirmava a existência de 1,7 mil favelas na capital com 391,7 mil domicílios .
A União dos Núcleos, Associação dos Moradores de Heliópolis, tem usado carros de som para reforçar as instruções de contágio.
A Organização Mundial de Saúde orienta, exige, os governos internacionais aderem, orientam, exigem, cobram o isolamento social, que a população fique em casa, evitem tumultos, contato social .
Mas nas comunidades uns dos problemas é justamente a moradia .
Na mesma casa todo mundo junto. Crianças, idosos . Todos em casa mas sem espaço mínimo e sem trabalhar.
E o poder público é cobrado para que tome ações que garantam uma renda ás famílias afetadas .
GRUPO DE COMUNICADORES INICIAM MOVIMENTO
Um movimento impulsionado por um grupo de comunicadores criaram a #coronanasperiferias que envolve participante de líderes de várias comunidades de todo o Brasil, incluindoo Acre, Rio, São Paulo e Nordeste com um só objetivo : apoiar os moradores das comunidades brasileiras durante o combate ao coronavírus .
Fizemos contato com Lucas Antônio, jornalista e educador social, líder comunitário da Zona Norte de São Paulo, e também um dos administradores de uma organizada rede de solidariedade que visa a captação de recursos para os moradores .
O jornalista rebate e não alimenta os preconceitos que cercam uma comunidade, afirma o caráter honesto e trabalhador do morador periférico . E além disso dá o alerta para o genocídio dos pretos, pobres e indígenas, a falta de perspectiva ou a ausência do estado . No quesito genocídio, afirma com autoridade que o “ Luto vita Luta “ .
No dia em que faço essa entrevista com Lucas, assisti a duas reportagens sobre jovens mortos por policiais em periferias da zona leste e sul de São Paulo .
Lucas afirma que vê com bons olhos o surgimento de candidatos políticos da própria periferia .
COMUNIDADE TEM ATENDIMENTO MÉDICO PARTICULAR
A Folha de São Paulo, registrou em 04 de Abril a contratação de uma equipe médica pela comunidade de Paraisópolis, serviço privado e com atendimento 24 horas, com ambulância e enfermeiros.
E pouco importa se o mesmo veículo notificou o PCC ( Primeiro Comando da Capital ) como a autoridade máxima da comunidade .
Importam o número de atendidos pela iniciativa creditada pela Associação de Moradores .
A Criminalidade e a corrupção estão em todas as esferas públicas .

REDE SOLIDÁRIA AMPARA MORADORES
A fome se espalhou antes que o Coronavírus chegasse na periferia, com a proibição de tumultos , muitos profissionais autônomos, ambulantes, empregadas domésticas residentes nas periferias, tiveram de abandonar o seu trabalho .
Crianças acostumadas com até cinco refeições ao dia nas escolas que foram fechadas devido a quarentena, tem dietas pobres que podem se resumir a arroz puro .
Daí a importância da Rede de Solidariedade que se formou no país, na doação de alimentos e produtos para higiene.
O funcionamento da Rede de Apoio Humanitário, da qual o jornalista Lucas Antônio é um dos administradores, é muito organizado .
Existe o processo de captação de doares, a preocupação com a identificação de pessoas necessitadas de acordo com a região, com a logística, enfim…uma lição social a ser seguida por muitos aspirantes a uma cadeira na política .
Terminamos a matéria deixando aqui dados bancários para quem quiser ajudar a Rede de Apoio Humanitário, que está fazendo um ótimo trabalho de apoio a moradores de comunidades de todo o Brasil .
Rede de Apoio Comunitário – Banco do Brasil / Ag : 3055 – 4 / CC : 29.790-9

Silvio Tadeu
Jornalista e Produtor Cultural
www.silviotadeu.blogspot.com.br
Instagram : @siltad

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