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Nova NR-1 reforça saúde mental nas empresas: 2026 será ano decisivo para estruturar planos de ação

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Empresas passam a ter obrigação educativa de mapear riscos psicossociais

 

A atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), formalizada pela Portaria MTE nº 1.419/2024, insere, expressamente, os riscos psicossociais no escopo do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) das empresas. A partir de 2026, as empresas deverão incluir no inventário de riscos fatores como estresse, sobrecarga mental, assédio moral e outros elementos que afetam a saúde mental dos trabalhadores. As penalidades por não conformidade serão postergadas por um ano, já que, inicialmente, a implementação da nova NR-1 terá caráter orientativo e educativo até 26 de maio de 2026, o que concede um prazo adicional para que as empresas se adaptem, aprovando processos e ferramentas mais sofisticadas e tecnicamente válidas.

O momento exige urgência. “Com o final do ano se aproximando, toda empresa já está elaborando os planos para 2026, e quem atua nas áreas de Segurança & Saúde do Trabalho ou Gestão de Pessoas sabe que o mapeamento de riscos psicossociais vai ser tema recorrente e de peso”, afirma Gustavo Drago, especialista em Saúde Corporativa e CEO da Becare.app, plataforma de tecnologia em saúde e bem-estar corporativo que impacta mais de 100 mil colaboradores em organizações líderes de mercado.

Gustavo destaca que, embora a norma tenha sofrido ajustes pontuais de redação, a exigência de mapear riscos relacionados ao ambiente psicossocial já estava implícita na NR-17. “O que mudou é que, agora, se tornou explícito aquilo que se esperava como responsabilidade das empresas”, explica.

Uma das principais dúvidas em debate no mercado é se a norma exige uma ferramenta específica para o mapeamento. “A normativa não faz uma menção específica sobre isso. Ela apenas prevê que a escolha da ferramenta seja uma deliberação técnico-científica — a única exigência é que ela tenha validade”, explica Gustavo.

Muitas empresas também têm dúvidas sobre um tamanho mínimo de amostra para realizar o mapeamento. Neste caso, o especialista afirma que não. “Se a empresa não fizer um mapeamento de todos os profissionais e optar por uma amostra, é essencial que ela tenha validade técnico-científica, sem uma quantidade mínima de colaboradores”.

Gustavo reforça que a obrigatoriedade vale para todas as empresas, independentemente de porte ou área de atuação. “Não importa o número de colaboradores. Empresas pequenas, médias e grandes precisam estar atentas a isso. O grande desafio para 2026 não será, apenas, mapear ou encontrar boas ferramentas, mas, sim, será estruturar os planos de ação a partir dos riscos psicossociais identificados”, explica.

O que muda para as empresas

·         Inventário ampliado: os riscos psicossociais passam a integrar o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) junto aos agentes físicos, químicos, biológicos, de acidentes e ergonômicos.

·         Participação ativa dos trabalhadores: a Norma reforça que os trabalhadores devem ser ouvidos sobre percepções de risco e envolvidos no processo de identificação e monitoramento.

·         Período de adaptação: até maio de 2026, a fiscalização terá caráter educativo; depois disso, as normas passam a ter força punitiva.

·         Pressão regulatória crescente: órgãos como o Ministério Público do Trabalho poderão considerar fatores psicológicos em suas autuações, independentemente do regime transitório legal.

Segundo Gustavo Drago, 2026 será o ano em que muitas empresas terão de sair da fase piloto e entrar na execução concreta. “As empresas precisarão mapear os riscos, organizar grupos homogêneos de exposição e desenhar planos de ação que sejam realmente efetivos”, adverte. Ele observa ainda que as dúvidas sobre amostragem, escopo e ferramentas persistem no mercado, o que reforça a urgência de uma abordagem técnica e bem fundamentada desde já.

Sobre Gustavo Drago

Gustavo Drago é executivo e especialista em Saúde Corporativa. Com sólida atuação nas áreas de Saúde Mental e Gestão de Riscos Psicossociais em grandes empresas, Gustavo tem formação superior em Educação Física pela Unisa, MBA em Gestão pela FGV e pós-graduação em Treinamento Físico e Esportivo pela UNIFESP.

Fundador e CEO da Becare.app, plataforma de tecnologia em saúde e bem-estar corporativo que impacta mais de 100 mil colaboradores em organizações líderes de mercado como Vivo, Nestlé, Itaipu, Mars e Assaí oferecendo soluções

digitais integradas para bem-estar, prevenção de riscos e gestão de saúde ocupacional.

O executivo atuou por mais de dez anos em pesquisa e inovação no Grupo de Estudos e Pesquisa em Planejamento e Monitoramento do Treinamento Físico e Esportivo da USP, acompanhando mais de 4 mil atletas de 16 modalidades olímpicas nos Jogos de Beijing, Londres e Rio de Janeiro, contribuindo para a conquista de cinco medalhas olímpicas e dez medalhas em campeonatos mundiais.

Gustavo também é professor e palestrante de temas como Longevidade, Bem-Estar no Trabalho, Saúde Mental e Transformação Digital em Saúde. É autor de diversos artigos internacionais e coautor de livros especializados, além de referência em projetos de saúde corporativa baseada em dados e estratégias de employee experience, que reduzem riscos e promovem engajamento.

 

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