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Cultura

Mosteiro da Luz: arquitetura, urbanismo, força e religiosidade

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Prof. Dr. Benedito Lima de Toledo tem livro inédito e póstumo lançado, que conta a história de um dos conjuntos arquitetônicos mais emblemáticos e bem preservados da Cidade de São Paulo: o Mosteiro da Luz.

Em 2019, após anos de trabalho e pesquisa, o Prof. Dr. Benedito Lima de Toledo, finalizava o livro Mosteiro da Luz, quando, infelizmente, veio a falecer. A obra, que tem o esmero do grande significado desse conjunto artístico e arquitetônico da cidade de São Paulo, evidencia o legado deste importante pesquisador em um livro póstumo e inédito, publicado pela KPMO Cultura e Arte.

Benedito Lima de Toledo foi arquiteto, urbanista, acadêmico da APL (Academia Paulista de Letras) – ocupou a cadeira de número 39 que fora de Monteiro Lobato –, Professor Titular de História da Arte e Arquitetura da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, exímio pesquisador e autor de importantes obras publicadas que nos revelam a história da cidade de São Paulo. Unindo-se ao arquiteto e diretor de arte Marcello de Oliveira, seu parceiro na edição de várias outras publicações desde os anos 1990, conseguiu imprimir textos inéditos e reveladores sobre a arquitetura e o urbanismo da cidade, sempre acompanhados por extensa pesquisa iconográfica e curadoria fotográfica primorosa. Suzana Alessio de Toledo, bibliotecária e esposa do professor Benedito, tem papel importante na materialização de sua obra, onde sempre pôde auxiliá-lo na pesquisa e execução de seu trabalho.

Não podia ser diferente, nas mãos de Benedito, um dos conjuntos arquitetônicos coloniais mais emblemáticos e bem preservados da cidade de São Paulo ganhou vida e virou livro. O autor, em sua narrativa, volta ao passado para resgatar os espaços simbólicos da cidade, utilizando-se da iconografia com imagens e registros de viajantes, pintores e fotógrafos que retrataram uma São Paulo de tempos passados. Passeia por largos e ruas, para então chegar ao edifício religioso, onde Frei Galvão, arquiteto e construtor, foi o grande artífice da edificação do Mosteiro. Em sua extensa pesquisa, o autor viaja à Lisboa para narrar, com encanto, a história da imagem de Nossa Senhora da Luz.

No texto, Benedito Lima de Toledo descreve como o convento passa de um lugar de “recolhimento de mulheres, devotas da Divina Providência, para orar continuamente diante do Santíssimo”, até seu fechamento inesperado e a reabertura que inspirou Frei Galvão a edificar uma nova construção, para dar vida ao Mosteiro da Luz que conhecemos hoje.

O livro narra episódios como o fechamento do local e a clandestinidade de mulheres religiosas que se escondiam por lá para ficarem recolhidas, até que a ordem de fechamento fosse revogada. A partir do porta-voz das boas novas, Frei Galvão, se dedica a edificação do novo conjunto arquitetônico, erguido em taipa de pilão, técnica construtiva aplicada à época e que mantem-se preservada até os dias atuais.

Ao leitor são reveladas as belezas desse riquíssimo patrimônio histórico. O Museu de Arte Sacra de São Paulo ocupa parte do conjunto arquitetônico e abriga uma das mais importantes coleções de obras de arte sacra e religiosa brasileira. Uma grande surpresa ainda é reservada ao visitante: o Presépio Napolitano, também conhecido como o Museu do Presépio, guarda o acervo doado por Francisco Matarazzo Sobrinho.

A fotógrafa Maíra Acayba realizou um inédito ensaio fotográfico na área reservada às freiras que vivem em clausura, onde apenas as mulheres tem acesso.

Além de trazer com maestria toda a história do Mosteiro da Luz, Benedito nos mostra através de sua narrativa detalhes do cotidiano da cidade nesse período colonial, fato que torna ainda mais importante e necessário a preservação de nosso patrimônio e o legado aos paulistas e brasileiros.

Nesses mais de trinta anos de convivência profissional, somamos esforços em diversas ocasiões e desenhamos mais de uma dezena de publicações, muitas delas ainda inéditas. Um legado único de quem se dedicou à preservação da memória e do patrimônio artístico e arquitetônico da cidade de São Paulo. Do grande mestre Benedito Lima de Toledo temos a sua memória registrada em cuidadosos estudos que desenvolveu ao longo de sua atuação profissional como arquiteto, pesquisador e professor da FAU-USP. Tenho imensa satisfação de ter compartilhado com ele a elaboração desses cuidadosos trabalhos de edição dos livros que registram a história da arquitetura e do urbanismo da cidade de São Paulo. – Marcello de Oliveira

Ficha Técnica:
Edição: KPMO Cultura e Arte
Autor: Benedito Lima de Toledo
Coordenação geral: Suzana Alessio de Toledo
Prefácio: Gabriel Frade
Orelha: Lúcio Gomes Machado
Direção de arte: Marcello de Oliveira
Ensaio fotográfico: Maíra Acayaba
Apoio cultural: AnimaCasa, Pitá e Refúgios Urbanos
Ano: 2021
Número de páginas: 180
Medidas: 22×25 cm
Preço: R$ 89,00

Sobre o autor – Benedito Lima de Toledo, apaixonado pela arquitetura, pelos livros e pela cidade de São Paulo, passou sua vida pesquisando e transmitindo seus conhecimentos através de suas aulas, palestras e publicações de várias obras. Dentre eles, destacamos: São Paulo: três cidades em um século; Álbum iconográfico da Avenida Paulista; Anhangabahú; Prestes Maia e as origens do urbanismo moderno em São Paulo (Prêmio Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo 1996); Esplendor do barroco luso-brasileiro (Prêmio Jabuti 2013), entre muitos outros.

A cidade de São Paulo, como mencionou  Benedito Lima de Toledo em seu livro São Paulo: três cidades em um século, (…) “é um palimpsesto – um imenso pergaminho cuja escrita é raspada de tempos em tempos, para receber outra nova (…)”.. Três etapas: taipa, tijolo e concreto. Os edifícios construídos com a taipa de pilão, ou desapareçam ou foram descaracterizados, tendo o Mosteiro da Luz mantido sua taipa de pilão original até hoje.  Assim  é descrita sua história em 180 páginas nessa obra a ser lançada, com fotos inéditas especialmente do interior do clausura, da horta e tantas outras.

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Cultura

LUCINHA LINS E CLAUDIO LINS APRESENTAM A 11º EDIÇÃO DO NATAL SOLIDÁRIO, UMA NOITE DE MÚSICA E DOAÇÃO NO DIA 04 DE DEZEMBRO, ÀS 20H, NO TEATRO SÉRGIO CARDOSO

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O evento beneficente, idealizado por Jô Santana, traz a Orquestra Sinfônica Villa-Lobos com participação da cantora Roberta Campos em concerto que arrecadará latas de leite em pó para o Hospital Cruz Verde.
No dia 4 de dezembro de 2025, quarta-feira, às 20h, o Teatro Sérgio Cardoso será palco da 11ª edição do Natal Solidário Cruz Verde, um evento que celebra a união entre arte, esperança e responsabilidade social. Idealizado pelo ator e produtor cultural Jô Santana, o evento reitera seu compromisso com a causa das pessoas com paralisia cerebral, destinando toda a arrecadação ao Hospital Cruz Verde, referência há 66 anos no tratamento e assistência a pacientes com a condição.

💖 Uma Celebração de Amor, Fé e Emoção

A noite será apresentada por mãe e filho, os talentosos atores e cantores Lucinha Lins e Claudio Lins, que emprestarão seu carisma para conduzir o público em uma jornada de solidariedade e música.
O ponto alto da celebração será o concerto especial da Orquestra Sinfônica Villa-Lobos, sob a regência do Maestro Adriano Machado. O tema do repertório deste ano, “Natal, uma celebração de amor”, promete levar o público a uma emocionante viagem de fé e esperança. Cada nota da orquestra é concebida como um gesto de carinho, com melodias que aquecem o coração e unem gerações.
O repertório percorre desde o sagrado ao popular, e incluirá obras emblemáticas como “Circle of Life”, “Amazing Grace”, “Adeste Fideles” e a tradicional “Noite Feliz”. Entre momentos de introspecção com “Ave Maria” e a energia festiva de clássicos como “Bate o Sino” e “Jingle Bell Rock”, a música se torna um convite à gratidão e à reflexão sobre o renascimento da luz que o Natal representa. O show culminará com o “Oh Happy Day” no BIS, garantindo um final emocionante.

Destaque: O evento contará com participações especialíssimas, adicionando ainda mais brilho à noite, da aclamada cantora Roberta Campos e das cantoras Laura Saab e Júlia Saab, netas de Fafá de Belém, prestando homenagem aos 50 anos de carreira num número surpresa que certamente emocionará muita gente.

Magia e Encantamento na Chegada
Para envolver o público na magia do Natal desde a chegada, artistas circenses estarão se apresentando na entrada e no foyer do teatro, personificando o espírito natalino com performances que prometem encantar e interagir com o público.

Ingresso Solidário: 2 Latas de Leite em Pó

Em um gesto que reforça o espírito natalino de doação, o acesso ao concerto não será por meio de ingresso pago em dinheiro. A entrada será concedida mediante a doação de 2 latas de leite em pó. Todos os itens arrecadados serão integralmente destinados ao Hospital Cruz Verde, apoiando a nutrição e o cuidado dos pacientes da instituição. O Teatro Sérgio Cardoso, com sua estrutura acessível, assegura que a arte e a solidariedade sejam democráticas.

Serviço: 11º Natal Solidário Cruz Verde – “Natal, uma celebração de amor”

O que: Concerto beneficente com a Orquestra Sinfônica Villa-Lobos, regida pelo Maestro Adriano Machado, apresentação de Lucinha Lins e Claudio Lins e participações especiais de Roberta Campos, Laura Saab e Júlia Saab.
Quando: 4 de dezembro de 2025, quarta-feira, às 20h.
Onde: Teatro Sérgio Cardoso – R. Rui Barbosa, 153 – Bela Vista, São Paulo.
Ingressos: Concedidos mediante a doação de 2 latas de leite em pó.
Duração: Aproximadamente 120 min.
Classificação: Livre.
Arrecadação: 100% destinada ao Hospital Cruz Verde.

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Cultura

Artista plástica Duda Oliveira defende a importância da arte como instrumento de divulgação dos ODS na COP 30

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Suas telas tem como característica serem mergulhadas na Baía de Guanabara antes de serem trabalhadas

A artista plástica Duda Oliveira está na COP 30, participando das manifestações civis e dos debates sobre a importância da arte como instrumento de divulgação dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e do papel de ruptura com as práticas de enraizamento cultural não sustentáveis na Green Zone.

Conhecida por seu posicionamento pela defesa e conscientização sobre a preservação da vida, do meio ambiente, Duda Oliveira tem como característica em seu trabalho mergulhar tecido lona crua na Baía de Guanabara, repleta de derivados de petróleo e dejetos de óleos, cujo aquecimento, alimento orgânico, estimulam a proliferação de fungos, resultando em um esfumaçado plástico natural peculiar em suas pinturas. As telas não foram pintadas, foram mergulhadas. E o branco que emergiu delas não era ausência, era prenúncio. Foi preciso calor, tempo, matéria, toque, escuta. E então, como num sussurro biológico, as cores nasceram do fundo: do fundo do mar, do fundo do mundo, do fundo da gente.


Duda Oliveira quer mostrar que a imagem da mulher também se transformou, sob a inspiração de novos modelos estéticos. A arte sempre em seu papel altruísta, apenas sinalizou o que já estava pungente e silenciado por antigos valores. Um dos motivos pelos quais defende os ODS.

Artista plástica contemporânea e Mestre em Ciência da Sustentabilidade, niteroiense, que estudou arte experimental na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e História da Arte e da Arquitetura do Brasil, na Puc/Rio, desde 2018 vem apresentando sua arte num ritmo intenso de exposições. Os trabalhos da artista vêm ganhando destaque nas Feiras Internacionais da Alemanha, Luxemburgo, em Salas Culturais em Portugal, nos Museus MASP, MAC Niterói, dentre outros relevantes espaços culturais no Brasil e exterior.


“Somente a arte tem o poder de propagar o acesso ao real e grande poder de transformação. A arte nos torna iguais, permitindo a verdadeira ordem democrática das coisas, a compreensão verdadeira e espontânea do belo”, diz a artista plástica.

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Uso excessivo de telas impactam o desenvolvimento infantil

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*Luciana Brites, Mestre e Doutoranda em Distúrbios do Desenvolvimento

 

É cada vez mais comum vermos crianças, cada vez mais novas, expostas ao uso de telas. Além disso, o tempo de uso também está cada vez maior. Estudos mostram associação entre excesso de telas e dificuldades de atenção, sono e desempenho escolar.

 

Logo, é fundamental ter atenção não somente a esses riscos como também a redução da criatividade, das habilidades sociais e dependência em crianças que passam muito tempo consumindo conteúdo digital sem supervisão.

Uso excessivo de telas impactam o desenvolvimento infantil – Imagem Pexels Foto de Ron Lach

O cérebro infantil está com 95% da sua estrutura formada entre 0 e 6 anos, estando assim em pleno desenvolvimento. O uso constante pode afetar a qualidade do sono, já que a luz azul emitida pelas telas interfere na produção de melatonina, o hormônio do sono. Isso pode impactar negativamente a memória, a aprendizagem e o desenvolvimento emocional.

 

O excesso também pode gerar uma sobrecarga de dopamina, um neurotransmissor relacionado ao prazer. Ao usar o celular por muito tempo, a criança é constantemente recompensada com estímulos rápidos e fáceis, como likes ou vídeos curtos, o que cria um ciclo de dependência. Isso reduz a tolerância ao tédio e dificulta o envolvimento em tarefas que exigem esforço cognitivo, como leitura ou resolução de problemas.

 

Outros efeitos do uso: dificuldade de atenção e concentração; redução da motivação para atividades off-line, como brincar, conversar ou ler e déficits nas habilidades sociais e emocionais.

Uso excessivo de telas impactam o desenvolvimento infantil – Imagem Freepik

Veja alguns indícios de prejuízo pelo excesso de telas que pais e professores devem ficar atentos: irritabilidade ou agitação ao ser afastada das telas; desinteresse por brincadeiras presenciais ou leitura; dificuldade de concentração nas atividades escolares e redução da linguagem espontânea e das interações sociais. Se esses sinais forem persistentes, é recomendável avaliar a rotina digital da criança e buscar a orientação de um profissional da área da saúde ou educação.

 

Segundo a Academia Americana de Pediatria (AAP), o tempo de tela considerado adequado para crianças varia conforme a idade: de 0 a 2 anos, deve-se evitar o uso, exceto em chamadas de vídeo com familiares; de 2 a 5 anos, o limite é de até 1 hora diária, priorizando conteúdos educativos e com acompanhamento de um adulto; para as crianças maiores, o uso deve ser equilibrado com um bom padrão de sono, prática de atividade física, brincadeiras livres e momentos em família.

 

Além da mediação no uso das tecnologias, é importante oferecer estímulos que favoreçam o neurodesenvolvimento infantil de forma ampla. Atividades como desenhar, escrever e explorar o ambiente contribuem para o aprimoramento da coordenação motora e da cognição.

 

É fundamental que pais, educadores e profissionais da saúde estejam atentos a esses efeitos e adotem estratégias para garantir um uso equilibrado e saudável das tecnologias. Lembre-se que as tecnologias não são inimigas, mas devem ser usadas com moderação respeitando a idade das crianças.

(*) Luciana Brites é CEO do Instituto NeuroSaber, psicopedagoga, psicomotricista, mestre e doutoranda em distúrbios do desenvolvimento pelo Mackenzie, palestrante e autora de livros sobre educação e transtornos de aprendizagem. Instituto NeuroSaber https://institutoneurosaber.com.br

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